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Uma reflexão sobre a memória e a história da Vigília da Capela do Rato, 50 anos depois

A Mesa Redonda “A Paz é Possível. A Vigília da Capela do Rato 50 anos depois: história e memória” – organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril para assinalar este episódio – decorreu esta quinta-feira, dia 15, em Lisboa, promovendo uma reflexão sobre a memória e história desses momentos por parte dos historiadores António Matos Ferreira, António Araújo, Rita Almeida de Carvalho e João Miguel Almeida.

“Ninguém nasce antifascista; ninguém nasce anticolonial. O historiador não pode deixar de estar atento às virtualidades dos processos dos indivíduos. As Vigílias de S. Domingos e do Rato emergem, com características distintas, como espaços afirmativos, onde a evocação da guerra e a sua denúncia, que estavam associadas ao recurso à imagética profética da liberdade, permitiram o surgimento de outra narrativa.”. António Matos Ferreira, historiador e professor na Universidade Católica de Lisboa

“Não tendo tido sequência, a Vigília da Capela do Rato constituiu, acima de tudo, um gesto simbólico. Esse simbolismo viria a tornar-se decisivo para a imagem da igreja no pós-25 de Abril, permitindo-lhe apresentar alguma credenciais democráticas. Os católicos do Rato prestaram um involuntário serviço à instituição que criticavam, mas contribuíram para o paulatino desgaste do regime.”. António Araújo, doutorado em História Contemporânea, autor da única tese sobre o caso da Capela do Rato

“No Marcelismo, há muitos ‘Portugais’; há um Portugal muito desigual. Predomina uma escassa educação, pouca habitação condigna, um processo de transformação do rural em urbano, mas em que o rural ainda tem um peso muito significativo. A mulher está subordinada ao homem. Existe pouca mobilização política, mas, paradoxalmente, é um período de muita agitação social.”. Rita Almeida de Carvalho, historiadora e investigadora no ICS – Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

“A estada no território metropolitano de padres africanos e a chegada à metrópole de notícias das dinâmicas missionárias em África levou à mobilização de católicos contra a ditadura e guerra colonial, motivando-os para um compromisso com a paz de que a Vigília da Capela do Rato foi a expressão mais simbólica e dramática.”. João Miguel Almeida, investigador no Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa e do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa


A sessão foi moderada por Paulo Fontes, diretor e investigador integrado do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR-UCP) e membro da comissão organizadora, contando também com a presença de Maria Inácia Rezola, comissária executiva, e de Pedro Nuno Teixeira, secretário de Estado do Ensino Superior.

Créditos: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

#50anos25abril