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Cobertura mediática: os primeiros dias

A vigília da Capela do Rato possuiu um impacto assinalável logo a partir do seu desfecho, cerca de 24 horas volvidas sobre o seu início. Entre as suas repercussões, situa-se o tratamento mediático, tanto em Portugal, como no estrangeiro. Apesar da censura e da propaganda do regime, a Guerra Colonial em Angola, na Guiné e em Moçambique, as suas justificações, os seus efeitos e os apelos internacionais à promoção de uma cultura de paz foram transportados para o plano da discussão pública em Portugal, alargando o espaço do debate em privado ou em grupos restritos. Também os pequenos boletins paroquiais, de caráter local e com circulação mais reduzida, deram eco à vigília e amplificaram as suas causas e efeitos.
Também na imprensa de Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Escócia, Brasil e até da Espanha franquista foram referidos os acontecimentos do Rato, discutidos os seus contornos e comentadas as circunstâncias que justificaram a sua realização. A natureza do regime português e da guerra que se prolongava em África desde 1961, as relações entre a Igreja e o Estado e entre grupos de católicos e organizações políticas clandestinas, a invasão de uma capela pela polícia, o rebentamento de petardos com panfletos a divulgar a iniciativa, as prisões e demissões da função pública de participantes foram questões abordadas, com a tonalidade a ser conferida pela linha editorial de cada periódico.
A análise das notícias publicadas nos dias imediatamente a seguir ao evento, na imprensa nacional e internacional, deixa patente a sua ampla repercussão.

Notícia sobre comunicado do ministro do Interior a propósito da Vigília da Capela do Rato. Fonte: Comércio do Porto, 6 de janeiro de 1973
Notícias sobre os engenhos explosivos com panfletos referentes à Vigília da Capela do Rato. Fontes: Diário Popular, 6 de janeiro de 1973 e Época, 7 de janeiro de 1973
Notícia na imprensa colonial sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: The Rhodesia Herald, 8 de janeiro de 1973
Notícia na imprensa colonial sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: The Rhodesia Herald, 8 de janeiro de 1973
Notícia na imprensa alemã sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: Die Welt, 8 de janeiro de 1973
Notícia na imprensa italiana sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: Il Globo, 7 de janeiro de 1973
Notícia na imprensa espanhola sobre as restrições à liberdade de imprensa. Fonte: La Vanguardia Española, 28 de abril de 1973

Apoios à vigília

Os primeiros apoios à realização da vigília da Capela do Rato vieram de grupos de católicos do Porto. Multiplicaram-se os relatos das circunstâncias e dos seus efeitos políticos. A própria comunidade do Rato se pronunciou e informou sobre o curso dos acontecimentos. Entre os destinatários encontravam-se as autoridades eclesiásticas, incluindo a Nunciatura Apostólica, os titulares de órgãos do poder político e os diretores de órgãos da imprensa.

Divulgação, por um grupo de estudantes, de moção aprovado na Vigília da Capela do Rato, referindo também a lista de presos em Caxias. Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra
Notícia sobre a Nota do Patriarcado de Lisboa referente à Vigília da Capela do Rato. Fonte: O Primeiro de Janeiro, 11 de janeiro de 1973
Folheto de apoio à iniciativa da Vigília da Capela do Rato. Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra
Panfleto de trabalhadores revolucionários a reclamar libertação dos participantes da Vigília da Capela do Rato que foram presos. Fonte: ANTT, Arquivo da PIDE/DGS

Mesmo que na clandestinidade ou no exílio, as organizações partidárias e cívicas em oposição à ditadura expressaram o seu apoio à realização da vigília, protestaram contra a repressão do regime sobre os participantes e exigiram o termo da Guerra Colonial. São os casos do Partido Comunista Português (PCP), da Ação Socialista Portuguesa (ASP), da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) ou da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP). Organizações estudantis e sindicais distribuíram as moções aprovadas no Rato e reclamaram a libertação dos presos pela polícia política. Também do estrangeiro vieram apoios aos participantes na vigília e ações de contestação da repressão exercida pelo regime. Amnistia Internacional, Peace Committee of Finland, British Columbia Peace Council ou World Pax foram algumas das organizações que se pronunciaram publicamente, incluindo uma participação no Comité dos Direitos Humanos da ONU.

Artigo publicado em jornal de exilados políticos portugueses no Brasil sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: Portugal Democrático, março de 1973
Comunicado do núcleo da Acção Socialista Portuguesa (ASP) em Londres, sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: FMSMB, Arquivo Mário Soares
Editorial de órgão da URML - Unidade Revolucionária Marxista Leninista sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: Folha Comunista, janeiro de 1973
Artigo publicado no órgão do Partido Comunista Português a criticar a nota do Patriarcado de Lisboa sobre a Vigília da Capela do Rato. Fonte: Avante, janeiro de 1973

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